Tacos de Golfe de Goleman: como escolher o estilo de liderança correto para cada momento

Entenda os “tacos de golfe de Goleman”: os 6 estilos de liderança e como escolher o certo para cada momento, baseado em Daniel Goleman.

Jon W. Zarpellon

12/5/20255 min read

1. A ideia dos “tacos de golfe” de Goleman

No livro, Goleman conecta inteligência emocional com eficácia na liderança.
Tradução prática: quanto mais você se conhece, se controla e lê o outro, mais consegue
mudar de estilo de liderança conforme o contexto, sem virar um personagem.

Os 6 estilos de liderança são:

  1. Coercitivo (diretivo)

  2. Visionário

  3. Afetivo

  4. Democrático

  5. Exigente (pacesetting)

  6. Coaching (formador)

A pergunta não é “qual eu sou?”, e sim:

“Dado este momento, com este time, qual taco faz mais sentido usar agora?”

2. Os 6 estilos de liderança de Goleman como tacos de golfe

2.1. Coercitivo – Taco de emergência

Frase-chave: “Faz agora e do meu jeito.”

Função: controle imediato.

Use quando:

  • crise real (segurança, compliance, risco grande);

  • é preciso ação rápida, não debate.

Não use quando:

  • você precisa de ideias e engajamento;

  • é rotina normal de operação.

Se exagerar:

  • mata iniciativa;

  • gera medo, silêncio e gente escondendo problema.

Resumo: é taco de bunker. Essencial na bolsa, mas péssima ideia usar em toda tacada.

2.2. Visionário – Taco longa distância

Frase-chave: “É para lá que estamos indo. Vem comigo.”

Função: direção e sentido.

Use quando:

  • há mudança de rota (estratégia, prioridade, jeito de trabalhar);

  • o time está perdido, sem clareza de futuro.

Não use quando:

  • o problema é puramente operacional de curto prazo;

  • você sabe o destino, mas não tem clareza mínima do caminho.

Se usar bem:

  • conecta o trabalho diário a um objetivo maior;

  • aumenta engajamento, porque as pessoas entendem o “porquê”.

Resumo: é o driver do golfe: define rumo, não detalhe.

2.3. Afetivo – Taco de recuperação

Frase-chave: “Primeiro, vamos cuidar das pessoas.”

Função: reconstruir confiança e laços.

Use quando:

  • o time vem de períodos pesados (demissões, metas surreais, conflitos);

  • há clima ruim, desconfiança, gente se sentindo descartável.

Não use quando:

  • o problema é desempenho ruim por falta de disciplina;

  • você precisa de decisão dura e impopular naquele momento.

Se exagerar:

  • mistura “ser humano” com “passar pano”;

  • transforma baixa performance em algo aceitável.

Resumo: é taco de aproximação: recoloca a bola em posição de jogo. Não resolve o buraco sozinho, mas sem ele você não termina o campo.

2.4. Democrático – Taco para terreno desconhecido

Frase-chave: “Quero ouvir vocês antes de decidir.”

Função: colher informação e gerar compromisso.

Use quando:

  • a informação está espalhada no time, não na sua cabeça;

  • você quer que as pessoas se sintam donas da decisão.

Não use quando:

  • o tempo é curtíssimo e a decisão é óbvia;

  • o tema é sigiloso ou já veio decidido “de cima”.

Se exagerar:

  • mata velocidade;

  • gera frustração se você simula participação, mas já sabe o que vai fazer.

Resumo: é taco de leitura de terreno: ajuda a entender o que está à volta antes da tacada grande.

2.5. Exigente (Pacesetting) – Taco de alta precisão

Frase-chave: “Siga meu ritmo e mantenha o padrão.”

Função: puxar performance para cima.

Use quando:

  • o time é sênior, competente e autônomo;

  • o desafio é alto e as pessoas gostam de barra elevada.

Não use quando:

  • há muita gente nova, insegura ou perdida;

  • você mesmo não está disposto a dar o exemplo do que cobra.

Se exagerar:

  • vira cultura de medo de errar;

  • as pessoas não pedem ajuda, escondem falhas.

Resumo: é taco técnico: na mão certa é lindo; na mão errada, só faz estrago.

2.6. Coaching – Taco do jogo longo

Frase-chave: “Quero te ajudar a crescer.”

Função: desenvolvimento de médio e longo prazo. Goleman puxa forte esse estilo no livro: líderes que investem em desenvolver pessoas constroem times mais maduros e menos dependentes.

Use quando:

  • há potencial na pessoa, mas falta lapidar;

  • você consegue dedicar tempo para acompanhar evolução.

Não use quando:

  • é situação de crise imediata;

  • a pessoa não quer se desenvolver ou não assume responsabilidade.

Se usar bem:

  • cria sucessores;

  • reduz o número de decisões que só você consegue tomar;

  • aumenta retenção de gente boa.

Resumo: é taco pensado para o campo inteiro, não só para o próximo buraco.

3. Como escolher o estilo de liderança certo para cada momento

Vamos para o que interessa: como decidir qual taco usar na prática.

Use este mini roteiro em 3 perguntas.

3.1. Qual é o nível de urgência?

  • Urgência extrema (minutos/horas, risco alto)
    → Estilo principal:
    Coercitivo
    → Secundário:
    Visionário (explicar rapidamente o “porquê”)

  • Prazo de dias/semanas
    → Estilos principais:
    Visionário + Democrático
    → Complemento:
    Afetivo se o time estiver cansado ou desconfiado

  • Visão de meses/anos (desenvolvimento)
    → Estilos principais: Coaching + um pouco de Exigente

3.2. Qual é a maturidade da equipe nesse tema?

  • Alta competência + alta autonomia
    → Dá para apertar com Exigente, desde que combinado com Visionário.

  • Boa vontade, pouca experiência
    → Misture
    Coaching (ensinar e desafiar) + Afetivo (segurança psicológica).

  • Baixa confiança / clima ruim
    → Comece com
    Afetivo + Visionário.
    Só depois suba o nível de cobrança.

3.3. O problema é mais técnico ou mais humano?

  • Mais técnico:
    Exigente + Visionário (padrão claro + rumo)
    → Se for crítico, adicione
    Coercitivo por um período curto.

  • Mais humano (conflito, desmotivação, medo):
    Afetivo + Coaching + um toque de Democrático para ouvir versões.

4. O papel da inteligência emocional nessa história

No livro, Goleman bate em um ponto: não existe estilo certo se você não tiver inteligência emocional mínima para trocar de marcha.

Tradução objetiva:

  • Autoconsciência: perceber seu estado antes de agir.

    • Pergunta simples: “Estou reagindo ao problema ou ao meu humor?”

  • Autocontrole: não deixar emoção dirigir a conversa.

    • Regra prática: decisões importantes não são tomadas no auge da irritação.

  • Empatia: entender como o outro recebe o que você fala.

    • Ajuste o estilo de comunicação, mesmo mantendo o conteúdo.

É isso que permite alternar de um estilo coercitivo numa emergência para um estilo afetivo/coaching na retomada, sem parecer bipolar.

5. Conclusão + checklist rápido

Se você guardar só uma ideia de Goleman, que seja esta:

Líder eficaz não é o que encontrou “seu estilo”.
É o que sabe
qual taco usar, em qual buraco, com qual time.

Recap:

  • Coercitivo – emergência.

  • Visionário – rumo e sentido.

  • Afetivo – reconstruir confiança.

  • Democrático – ganhar informação e compromisso.

  • Exigente – puxar a régua com time maduro.

  • Coaching – formar gente boa e sucessores.

Checklist para a próxima situação de liderança

Antes de agir, responda:

  1. [ ] A situação é urgente, importante ou de longo prazo?

  2. [ ] O time é maduro ou ainda está em formação nesse tema?

  3. [ ] O problema é mais técnico ou mais humano?

  4. [ ] Qual estilo será o principal aqui? (escolha só 1)

  5. [ ] Qual pode ser um secundário de apoio? (no máximo 1)

  6. [ ] O que preciso ajustar em mim (emoção, tom, ritmo) para esse estilo funcionar?

Use esse checklist em conversas difíceis, reuniões de alinhamento e momentos de crise. Aos poucos, você para de liderar “no automático” e passa a liderar como um bom jogador de golfe: taco certo, na tacada certa, pela razão certa.

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